terça-feira, 25 de novembro de 2014

Texto Literário - A moça da festa e os meus olhos fotógrafos

Para os amantes de um bom texto descritivo:

Era um olhar profundo, sério, discreto, daqueles que não se observa igual ou semelhante a anos-luz de distância. A coloração me remetia a um paradoxo entre tons de azuis e verdes, mas que impreterivelmente era harmonioso com o conjunto da obra. O conjunto da obra é indescritível a ponto de poder ser traduzido em milhões de palavras que nem sempre são precisas, nem sempre são éticas, nem sempre são nítidas, que dirá lícitas.
Quando se levantou daquela reles mesa, que se destacava pela beleza da organização daquela fatídica festa de casamento, a estatura indicava uma mulher de pouca altura portadora, porém, de uma grande personalidade que nem sempre traz à tona algo a mais que seu olhar. Sua boca era meramente bela, pouco funcional, traduzia uma mulher que produzia muitas palavras, mas proferia poucas ou até nenhuma dependendo da situação. Cabelos negros, lisos como nunca vi e brilhosos feito as raras estrelas que se destacam em cada noite em grandes metrópoles que não permitem a visão do cosmos de forma completa. Eu não me lembro a cor do vestido, muito menos o grau de exuberância de suas curvas, os seus olhos quando encarados me proibiam terminantemente de mudar de angulação, talvez um mecanismo de defesa? Penso que seja de ataque. E aquele meu diálogo com o amigo de longa data virou um simples monólogo onde ele falava e eu pouco ouvia e nada falava, dado-me todo ao olhar predador que portava aquela mulher. E quando simplesmente virei o rosto e tive uma momentânea volta de sentidos, ela sumiu, deixando apenas de recordação aquela taça de espumante que eu mal sabia se ela realmente havia degustado, mas que certamente deixou a mim a vontade de degustar um raro diálogo que não foi possível. Eu já a conhecia, mas não como naquela noite. A partir dali alguns conceitos teriam de ser mudados e a pessoa que de alguma forma parecia um humano no mundo passou a ser o humano do mundo, um mundo pequeno que só existiu naquele acontecimento daquela bela e quente noite eterna de primavera.

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