sexta-feira, 3 de abril de 2015

E falando de Fundações


Cara, pense em uma história FODA!

Esse será o jargão que utilizarei pelo resto da vida quando me perguntarem sobre a trilogia Fundação de Isaac Asimov. Ontem foi o dia em que acabei a leitura da trilogia principal, e pelo que pude ver ainda existem algumas continuações lançadas posteriormente ao sucesso dessa primeira história, e é dai que, após fechar o último livro ontem, eu tirei motivos para continuar vivendo.

Tá, isso foi meio forçado... Mas entenda que ainda estou sobre o efeito da paulada que essa história foi para mim. Um pobre viciado em ficção, tendo contato com uma das maiores obras de ficção já produzida pela cachola humana. Diz se não é pra ter medo do resultado?...

Modéstia a parte, eu me considero um cara bom em desvendar tramas de suspense né, geralmente costumo ser aquele cara chato que quando o filme acaba, é o primeiro a soltar um: "Ah, naquela cena inicial eu já saquei que o assassino era o cachorro". Mas agora devo admitir que esse Isaac me colocou em meu devido lugar, sério, minha reação ao ler a última linha do último livro pode ser relativamente traduzida nisso (nessa exata sequência):

    

Vamos lá, sem dar spoiler, a história se passa em uns vinte mil anos no futuro do universo "asimoviano", ou seja, no futuro de histórias como "Eu, Robô", e "O homem bicentenário" ambas histórias do Asimov que já viraram filmes e estão no mesmo universo. Nessa época a humanidade já colonizou a galáxia inteira! Sim, "a praga se alastrou", e existe o fodástico "Império Galático" no centro da galáxia, como o próprio nome sugere, esse é o centro que manda na porra toda. Tudo vai de vento em popa, já faz tipo uns dez mil anos que esse império está estabelecido e todo mundo tá feliz. Ou quase todo mundo...

Acontece que tem um maluco chamado Hari Seldon que, por meio de uma ciência muito mais avançada do que a desgraça do cálculo 3, chamada psico-história, consegue fazer umas continhas lá e descobre com seus resultados que esse lindo império galático está nos seus dias finais, ou seja, a coisa toda vai desandar de um modo que a humanidade terá que passar por mais 30 mil anos vivendo no modo hard, tipo idade das trevas, até conseguir se reerguer novamente. Seldon também chega à conclusão de que não há mais nada que possa ser feito para evitar este declínio, mas que ainda é possível encurtar esse período de 30 mil anos, para breves e difíceis mil anos. Para isso ele desenvolve um plano, o famoso Plano Seldon, que por meio de muitos cálculos estatísticos sobre o comportamento da humanidade através da psico-história, traçará um caminho e medidas a serem tomadas, para que nesses mil anos o império galático se restabeleça, entre essas medidas está a criação das chamadas fundações, mas para saber mais, sinto informar que você deverá ler o livro, ou pagar R$19,90 aqui no blog que providenciaremos um resumo... rsrs brincadeira... Mas se quiser pagar...

Pois bem, agora por que essa história foi tão foda?


Primeiramente, a história por si só te prende! Isso mesmo, durante a leitura, não foram raras as vezes em que eu começava um capítulo antes de dormir lá pelas 23h e quando me dava conta da hora, eu pensava "MANO, TÔ FUDIDO!" tipo umas 4 da madruga. Isso porque as sequências de eventos desencadeadas durante as páginas, sempre mantém o leitor naquela crença de que na próxima página tudo será revelado. E quando tudo é revelado, geralmente é melhor você estar deitado mesmo, porque o lance do Asimov é surpreender o leitor.

E não pense também que por ser ficção cientifica a história é "viajada". O próprio Asimov declarou certa vez que se baseou na história do declínio do império romano para escrever o livro, e é altamente perceptível durante a leitura, esse paralelismo com a realidade, acabamos por fim, fazendo um estudo sobre as relações entre poder, governo e sociedade em geral, bem legal.

Mas obviamente nem tudo são louros, atualmente, muitos criticam as histórias da fundação pelo ambiente patriarcal no qual as mesmas estão inseridas, é como se daqui a vinte mil anos, independente do avanço tecnológico, moralmente a humanidade ainda estivesse nos anos 40. E de fato isso ocorre, mas em defesa do Asimov, eu penso que isso é só mais uma prova do quão a frente do seu tempo esse cara estava.

Pense comigo, essa obra foi escrita há uns 70 FUCKING ANOS ATRÁS! Agora, faça um teste mental simples, imagine-se escrevendo uma pequena história que contará o cotidiano de uma pessoa daqui há uns... sei lá... cem anos, depois, você guardaria isso, esperaria uns cinco anos e então iria ler novamente, eu aposto a minha coleção de geloucos que haveria várias passagens do texto em que você perceberia que indubitavelmente você projetou algo do passado para o futuro, algo que mesmo nesses poucos cinco anos já teria mudado.

O que quero dizer aqui é que não tem como nos livrarmos dos preceitos de nossa realidade para construir outra, Asimov vivia em uma sociedade altamente patriarcal nos States na época em que escreveu essas histórias, logicamente encontraríamos reflexos disso em suas histórias, mesmo que não fosse uma ideologia que o escritor propriamente defendia.

Agora, voltando para o nosso exercício mental ali em cima, imagine que daqui uns 20 anos, a sua história ainda fosse capaz de convencer as pessoas de que ela se passa há 100 anos no futuro. Mesmo contendo alguns erros e tal, você já seria um escritor genial por conseguir isso, agora no caso do nosso amigo Isaac, não são 20, mas sim 70 anos, e o futuro que o cara imaginou não são daqui há 100 anos, mas sim 20... MIL... FUCKING... ANOS! Pô, vamos aliviar a barra do cara, ele estava sim muuuito a frente do seu tempo quando pensamos nas quantidades de mudanças que tivemos de lá para cá e que independente delas, a história ainda nos convence.

Bom, vou ficando por aqui, recomendo a todos essa obra, e também todas as demais do Asimov, pra quem curte ficção cientifica, são leituras obrigatórias mesmo. Quanto a mim, tô contando as moedinhas aqui já pra adquirir o restante dos livros da fundação, e quando ler, provavelmente eu volto aqui pra tietar um pouco mais, Flw!


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